“Vi o silêncio gritar”, relata advogada da OAB Rondônia que participou de missão humanitária internacional à Faixa de Gaza

Siga o nosso canal do WhatsApp A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia (OAB RO) acompanha a participação da advogada Ariadne Teles, membro da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos desde 2019, em uma missão humanitária internacional que teve como destino a Faixa de Gaza, território que vive uma das maiores crises humanitárias […]

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A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Rondônia (OAB RO) acompanha a participação da advogada Ariadne Teles, membro da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos desde 2019, em uma missão humanitária internacional que teve como destino a Faixa de Gaza, território que vive uma das maiores crises humanitárias da atualidade. A advogada esteve a bordo de uma das embarcações da Flotilha da Liberdade, carregando ajuda humanitária com destino ao enclave palestino, quando o barco foi alvo de ataque por drones, em águas internacionais, a 14 milhas náuticas da costa de Malta.

A missão, composta por cerca de 80 ativistas de diferentes países e áreas de atuação, entre eles médicos, artistas, professores, advogados e defensores dos direitos humanos tinha o objetivo de romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 2007, levando alimentos, medicamentos e solidariedade à população civil palestina.

Em conversa com a equipe de comunicação da OAB Rondônia, Ariadne Teles explicou que sua participação na missão decorre de sua trajetória profissional e militância no campo dos direitos humanos.

“Como advogada de direitos humanos, sempre atuei em situações onde há violações graves, buscando justiça e reparação para as vítimas. Já estive em inspeções de presídios, acompanhei reintegrações de posse e visitei territórios indígenas ameaçados em Rondônia. Hoje, Gaza representa o epicentro das violações de direitos humanos, com crimes de guerra e crimes contra a humanidade sendo cometidos à luz do dia. Minha presença lá é uma extensão do trabalho que já desenvolvo aqui”, afirmou.

Durante a missão, Ariadne relatou o clima de tensão e os desafios enfrentados ainda antes da partida. As embarcações foram alvos de boicotes diplomáticos e barreiras burocráticas por parte de países aliados a Israel, como a retirada de bandeiras navais e exigências de última hora. Apesar disso, a flotilha conseguiu se organizar e zarpar, até ser atingida por um bombardeio de drones ainda em território europeu.

“Esse ataque terrorista em alto-mar mostra que nem mesmo o direito marítimo está sendo respeitado. A impunidade e o silêncio internacional diante das ações de Israel colocam em risco os direitos humanos em escala global”, denunciou.

A missão da Flotilha da Liberdade faz parte de um movimento internacional não-violento que busca denunciar o bloqueio à Gaza e levar assistência humanitária ao povo palestino. O histórico de ataques às embarcações do grupo não é novo. Em 2010, o caso mais emblemático ocorreu com o navio Mavi Marmara, quando dez ativistas foram mortos por forças israelenses.

Ariadne destaca ainda a importância do engajamento da advocacia em causas globais.

“O futuro de Gaza é o futuro da humanidade. A violação dos direitos em um lugar abre precedentes para que esses mesmos direitos sejam desrespeitados em outros. As armas que matam em Gaza também chegam ao Brasil, armando forças que perpetuam a violência em nossas periferias. Como advogados, como OAB, precisamos estar atentos e atuantes. Defender os direitos humanos lá é defender nossos próprios direitos aqui”, afirmou.

Nesta quarta-feira (28/5), completam-se 600 dias do início da guerra entre Israel e Hamas, um marco que reforça ainda mais a urgência de ações humanitárias e da mobilização internacional em defesa da vida e dos direitos fundamentais.

A Seccional Rondônia, por meio da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, reafirma seu compromisso com a proteção da dignidade humana em qualquer parte do mundo e reconhece a importância da atuação de seus membros em ações que transcendem fronteiras para a promoção da justiça, da paz e da solidariedade entre os povos.

Texto: Rosa Rodrigues / Jornalista OAB Rondônia